Eu estou perdido.

Eu estou perdido.

Se você anda se sentindo perdido nesse mundo de negócios disruptivos, carros que andam sozinhos e robôs que fazem cirurgias, fique tranquilo. Não é o único passando por isso. Está impossível acompanhar tantas mudanças, seja de comportamento ou de ferramentas, que acontecem simultaneamente em todas as áreas do conhecimento. Ficamos com a sensação de que o que sabemos não é suficiente para dar conta do mundo atual. Mais do que isso, parece impossível nos atualizarmos a tempo de alcançar a velocidade das transformações. Por que nos sentimos assim?

Poucos percebem, mas estamos vivendo uma mudança de era. Um momento de transição que ainda não tem data marcada para acabar. É como se houvesse dois enormes blocos e, entre eles, uma ponte pênsil.

A humanidade está toda sobre ela, tentando fazer a travessia. De um lado, o mundo como o conhecemos. Do outro, aquele que será moldado por todo o desenvolvimento tecnológico em curso. Nele viveremos uma era com hábitos, valores, serviços e produtos completamente diferentes da anterior.

Daqui a um século, os historiadores talvez consigam definir quanto durou esse período, quando começou e terminou. Estando no meio dele, não conseguimos ter uma visão do todo. O cenário é de caos. Pode parecer loucura, mas sinto que é um privilégio estarmos neste momento histórico e agradeço por fazer parte dele. Acredito que viverei para olhar para trás e dizer que fui testemunha dessa transição, que conheci os dois mundos. No entanto, o fato de estarmos no meio do caminho traz muitas incertezas. Sentimo-nos ameaçados e enfrentamos desconforto diário, porque os padrões conhecidos estão morrendo rapidamente e o que virá a seguir não está definido. Nesse contexto, não sabemos como nos posicionar.

A quantidade de mudanças é tão grande e tantos são os setores sofrendo disrupção que não damos conta de acompanhar. Podemos até compreender o que está acontecendo na nossa área de atuação ou especialidade, mas em todas é impossível. Comunicação, medicina, indústria automobilística, computação, logística, varejo. Tudo está em transformação e ninguém enxerga todas as tendências. Mesmo naquilo que é nossa fonte de renda, às vezes não temos ideia do que acontecerá, e fica a sensação de que a próxima transformação vai virar o seu negócio de cabeça para baixo.

Nessa ponte pênsil, há pessoas lidando de diferentes maneiras com a situação. Há quem esteja paralisado pelo medo. Outros estudam para saber a hora de dar o próximo passo. Alguns estão se equilibrando e andando para a frente, apesar de tudo. E mesmo a pessoa mais segura pode tropeçar a qualquer momento. Veja o caso do Uber. O serviço que transformou nossa maneira de locomoção pelas cidades agora sofre com a concorrência. Ele foi brilhante e disruptivo, mas já está sendo vencido por outros modelos. Outro dia, questionei se as pessoas não tinham receio de chamar um Uber para suas filhas adolescentes por conta dos casos de assédio. “Ué, é só chamar uma Lady Driver”, responderam. Eu desconhecia até então o aplicativo que só trabalha com motoristas mulheres. Genial. Até o Uber pode ficar para trás.

Há outros dois casos interessantes, um de fracasso e outro de sucesso. O primeiro, da BlackBerry, que surgiu na vanguarda da inovação da época. A empresa que detinha uma grande fatia do mercado de Smartfones nos anos 2000 decidiu não acompanhar as inovações lançadas, principalmente, pela Apple e seu iPhone. Em pouco tempo, o celular com teclas tornou-se obsoleto e a marca desapareceu. Por outro lado, a Amazon, que vem inovando desde 1997, alcançou recentemente o posto de companhia mais valiosa do mundo, com uma estratégia de investir pesado em tecnologia e inovação. Mas não foi fácil: por muito tempo, a empresa foi na contramão da vontade de seus acionistas, reinvestindo seus lucros em vez de distribuí-los. Mesmo com a posição que tem, tudo pode mudar a qualquer momento. Tenho certeza que seus gestores tremeram (ainda tremem?) quando o Instagram anunciou a possibilidade de compra direta do app. Já pensou? Ao ver algo que gosta, você toca na foto, e o produto chega em sua casa? Sabendo disso, a Amazon não para de entrar em novos mercados. NINGUÉM está seguro. 

Então, pare de se sentir isolado. O desconforto é generalizado. Mas não feche os olhos para a mudança. Porque por mais assustadoras que elas sejam, transformarão cada um de nós e a sociedade como um todo, e isso sempre vem acompanhado de oportunidades.

O que está por trás de tanta disrupção e o efeito nos negócios é algo que pretendo discutir em um próximo artigo. Até lá, adoraria saber a opinião de vocês:

O que acham do que está acontecendo?

O que gerou tudo isso? E como pretende defender a sua empresa?

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Rogerio Chequer é sócio e presidente da SOAP – State of the Art Presentations –, pioneira no mercado de apresentações de alto impacto e responsável por ajudar as pessoas e empresas em seus momentos decisivos. Trabalhou por quase 20 anos no mercado financeiro e fundou o movimento cívico Vem Pra Rua.

Toda essa mudança tecnológica não está melhorando a vida das pessoas, não está melhorando o meio ambiente, não está deixando as pessoas mais inteligentes e sensíveis.  Talvez falte um rumo para toda essa ansiedade, essa competição desleal, esse faz de conta, esse grande teatro... A falta de sentido nisso tudo, deixa o ambiente muito contaminado, indo o pêndulo pra um lado e para outro conforme a música, de forma frenética. Talvez a solução seja encontrar comprador para a água de coco que quero vender na praia. uma praia despoluída sem sons de qualidade duvidosa. A economia do futuro deveria ter como meta, uma melhoria na qualidade de vida muito maior, pois viver mais não significa que estamos tendo uma vida plena, nem trocando de carro ano sim ano não. Sinceramente, tanta informação desencontrada, tá gerando no mundo uma geração de idiotas que pensam que sabe de tudo. Jesusssss...

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Thomas Aurbach

BPO Financeiro| Consultoria Empresarial | Estratégia | Gestão | Liderança | Vendas | Compras | Inclusão Digital | EAD | Educação Empreendedora |

4y

Muito oportuna essa análise. O que noto é uma sensação mista de medo e "overwhelm" (excesso de informações e demandas) levando muitos empresários e empreendedores a tentarem adaptar estratégias que conhecem ao invés realmente inovar seus negócios. O tempo dirá qual o caminho acertado. O que sei é que que o modelo de gestão centralizada e sem transparência está fadado ao insucesso. O engajamento da equipe e das lideranças é essencial e pode definir se a organização atravessará ou não a ponte pênsil.

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